terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ainda sobre o "Bulling" - Infelizmente isso não é novidade, sempre existiu!

Eis o que fala sobre o tema, Tania Zagury, filósofa, mestre em Educação e escritora.
Oi, amiguinho! Vamos conversar sobre uma coisa que acontece mais vezes do que se gostaria, mas que, nem por isso, se torna fácil de enfrentar. Estou me referindo àqueles grupos de crianças ou de adolescentes que se juntam para “zoar”, bater, humilhar ou assustar (às vezes, até roubar) um colega - geralmente bem menor ou mais fraco. Também, ser forte em grupo não é vantagem nenhuma, não é mesmo?Talvez já tenha acontecido com você ou com algum amigo seu.
E assistir a certas coisas que acontecem, mas não deviam acontecer - ainda mais na escola, é muito triste mesmo. Às vezes é pior do que triste: é apavorante! Dá um medão daqueles... Mas dá mais medo ainda contar para os professores, o inspetor e até para nossos pais. Afinal, é normal pensar que podem descobrir quem contou e então, sabe-se lá o que pode acontecer... Além disso, quem é que gosta de ser visto como “traidor”, não é mesmo?
Se você pensar bem, por outro lado, vai concordar comigo: é por isso que as coisas erradas continuam a acontecer. Porque quem pode nos ajudar, não está sabendo de nada! Mas essa realidade pode mudar. Depende de coragem. E de nós!
Você certamente já viu algum coleguinha ser xingado, ofendido ou até tomar uma surra “daquelas” do grupinho que todo mundo sabe que é “do mal”, mas que ninguém tem coragem de enfrentar, embora adorasse ter essa força... Porque eles fazem coisas que machucam seriamente as pessoas - por dentro e por fora! Machucam e muito! Tem criança que fica com tanto medo, que nem quer mais sair de casa, nem estudar ou brincar!
Você – que é um garoto de bons sentimentos e de bom coração - assiste, não concorda, fica revoltado, acha errado, mas mesmo assim, fica calado. Ou você pode até ser a pessoa que está sofrendo esse tipo de agressão. E mesmo assim, não tem coragem de contar para ninguém.A gente fica ainda mais triste quando amigos nossos, pessoas de quem a gente gosta e confia, assistem a tudo - ao seu medo e sofrimento, a ser obrigado a dar o lanche ou o dinheirinho que juntou para comprar a revista que adora - e ficam calados! Não fazem nada para ajudar...
A gente se sente traído, sozinho, abandonado. Mas, sabe, não é isso, não! É que eles também têm medo! Afinal esses “valentões” andam sempre em grupo.
E no grupo, ficam fortes, muito fortes. Na verdade, são covardes, porque nunca é uma briga de igual para igual. É o grupo todo contra um só - menino ou uma menina. Em geral eles escolhem quem é mais quieto, mais gordinho, quem é diferente ou até o que é mais bem vestido...
Qualquer desculpa serve para quem deseja agredir os outros.Ser vítima desses grupos é horrível, mas quem assiste também sofre. Em qualquer dos casos, é muito difícil, eu sei.
Mas será que tem que ser sempre assim?
Não tem não, embora seja preciso coragem para que isso mude. E, se cada um tiver um pouquinho, o problema poderá ser resolvido. Mas para isso, é preciso confiar nos adultos: pai, mãe, padrinho, padrasto, professor, inspetor... Mesmo que pareça que estão sempre brigando com a gente, dando ordens ou nos mandando fazer coisas que não estamos com vontade de fazer - por mais estranho que pareça -, na maior parte das vezes, essas são as pessoas que podem nos orientar e ajudar.
Eu sei que seus colegas já disseram que quem conta o que acontece para os adultos é traidor, puxa-saco, nerd ou outros nomes, até bem mais feios. Mas eles dizem isso porque não são seus amigos de verdade. Quem diz isso quer que as coisas continuem erradas.
E quanto mais crianças acreditarem que o errado não pode mudar, mais fortes eles ficarão. Quem conta coisas sérias e verdadeiras (agressões, perigos, ameaças ou humilhações que estejam castigando alguém) não é traidor coisa nenhuma! Esse, sim, é amigo de verdade, e corajoso como ninguém!!!Mas só vale contar o que você viu acontecer de verdade, não o que “alguém disse” que aconteceu. Só vale assim!
Mesmo que nos julguemos fraquinhos, “todos juntos somos fortes, não há nada a temer”, como já nos dizia Chico Buarque, nosso grande músico-poeta!
Conferir: http://www.plenarinho.gov.br/educacao/com-a-palavra/ajudar-os-amigos-as-vezes-e-coragem

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