segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Idade do Lobo


Luiz Maia

 
Ninguém passa impunemente pela meia-idade, conhecida como a "idade do lobo". A virada dos 40 anos, pela qual todos passamos, equivale a um novo ciclo de vida, onde tudo parece ser desconhecido e assustador. Não há como negar que vários fatores contribuem para isso: a ansiedade, o medo do desconhecido, a insegurança ao avistar a juventude sumindo, tudo torna a pessoa refém de um tempo que se foi. Poucas são as que procuram enfrentar a crise com sabedoria. Ao invés de pensarmos que esta fase indica o ocaso do homem, que tudo acabou, poderíamos imaginar tratar-se de um período rico na fase de mutação do ser humano. Momento sereno, em meio a naturais questionamentos, do pleno caminho à maturidade, através das transformações que modificam a nossa maneira de ser. O homem deveria aprender mais com a natureza. Apreciar as formas de mutação do dia-a-dia. Observar, com naturalidade, o correr manso de um rio, levando suas águas ao oceano; o pôr-do-sol anunciando o ocaso de mais um dia; o silêncio da madrugada, à espera de mais um alvorecer, o engatinhar de uma criança aprendendo a andar. Instantes mágicos que configuram o ciclo da vida. Quem observa a natureza com paciência não perde a viagem. Quem tenta descobrir a importância da ação do tempo, não tem como se preocupar. Há que se observar também as inúmeras compensações que a idade madura nos proporciona, inibindo a possível valorização de certos traços indesejáveis que a velhice nos traz. Não podemos negar que nos tornamos mais experientes, um pouco mais sábios, mais tolerantes, infinitamente preparados para lidarmos com as adversidades, assim como com as coisas inerentes à afetividade e ao amor. A meia-idade pode nos conduzir por caminhos serenos, que tranquilizam o nosso ser. Alarga nossos horizontes e nos faz pessoas melhores, desde que entendamos o natural ciclo da vida. Possibilita-nos renovar projetos de vida, círculos de amizade, visão que nos leva a concluir velhos sonhos de ações solidárias. Isso sem esquecer do tempo disponível que ganhamos para andar à procura de pessoas que tenham a mesma afinidade nossa, visando construir projetos que levem o bem-estar e a melhoria de vida às pessoas.
Tudo isso inspirado na sensibilidade que só o tempo pode nos oferecer.http://www.luizmaia.blog.br/

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