segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Haiti - Mundo em desencanto

Por Luiz Maia
Existe um mundo onde pessoas lutam contra a fome, vivem de braços dados com as injustiças e logo sucumbem. Elas nascem no mais completo abandono, conhecem o desprezo cedo e morrem em total esquecimento.
Um mundo que parece bem distante de todos nós mas que está bem à nossa frente nos matando de vergonha, fazendo com que nossa indignação aflore e nos sintamos culpados por sermos pacatos assistentes de vidas que morrem no seu nascedouro.
Neste mundo muitos não têm a menor possibilidade de sonhar por estarem com seus cérebros irremediavelmente comprometidos. Boa parte desses milhões de habitantes parece que veio ao mundo destinada a sofrer todo tipo de humilhação e injustiça, não tendo sequer o comer de cada dia.
Neste mundo o riso é desconhecido, a dor é permanente e a esperança pareceu jamais florescer. Vidas em permanente desencanto a testar até onde o homem permanecerá insensível à pobreza extrema, aos apelos mudos de uma população que está condenada a abraçar a indigência humana que, entre outras mazelas, mata por nanição.Neste mundo as pessoas já não lutam pois se veem entregues à própria sorte e se quedam ante à morte que as aguarda.
O que prevalece é a arrogância de uns poucos que sempre detiveram o poder nas mãos, ditadores insensíveis e responsáveis por
tamanha dor. Bem perto de nós existe um mundo onde só ouvimos o silêncio do clamor dos infelizes.
São seres humanos que vivem a gemer pelas noites frias das estradas. Sem agasalhos, sem alimento, sem receber afeto e desconhecendo por completo o carinho de alguém. Seguem teimando em sobreviver às suas existências mortas. Vidas que recebem ao nascer a indiferença, que padecem na solidão e morrem em total abandono. Mundo onde os avanços da tecnologia e as descobertas da ciência, sem esquecer dos mais nobres sentimentos do ser humano, como o amor, a solidariedade e a fraternidade são totalmente desconhecidos posto que são vítimas de homens cruéis que os mantêm na mais vil escravidão.
Não é possível que e a insanidade de alguns continue a prevalecer sobre os sonhos que acalentam os homens de bem. A esperança que vive no peito do homem bom, que tem o poder de pôr um fim na amarga escuridão das madrugadas, certamente conduzirá homens e mulheres a dias mais dignos, possibilitando que um novo tempo arrebente as amarras da escravidão.
Impossível é pensar que o homem que vive se aprimorando em fazer valer o melhor para a espécie humana seja o mesmo que cala e fecha os olhos para a necessidade de um contingente de eternos candidatos a cidadão, mas que ainda não foram devidamente contemplados com os elementares direitos outorgados pelo Estatuto dos Direitos Humanos.
Luiz Maia
http://www.luizmaia.blog.br/
Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos" e "À flor da pele".
Recife-PE.

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